sábado, 3 de julho de 2010

Quebranto




às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada

às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço

às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredicto

às vezes sou o amor que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio

às vezes as migalhas do que sonhei e não comi
outras o bem-te-vi com olhos vidrados
trinando tristezas

um dia fui abolição que me lancei de supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição
que me promulgo a cada instante

também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser

às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno começo

fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto que me entrego

às vezes...


[ http://ricardoriso.blogspot.com/2009/10/cuti-quebranto.html ]
CUTI. Quebranto. In: Negroesia. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. pp.53-54.

sábado, 26 de junho de 2010

Era Uma Vez (Soneto)






Era uma vez uma menina
Uma vez era mulher
Sempre receosa da vida
Sabendo bem o que quer.

Era uma vez uma menina
Uma vez era mulher
Lutando pra nesta lida
Vencer o que a ela vier.

Era uma vez uma menina
Uma vez era mulher
Invisível aos olhos teus.

Era uma vez uma menina
Uma vez era mulher
Sofrida como um Adeus.



domingo, 11 de abril de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

"SeM TítulO"


Tão lindo
Romântico
e triste.
Tão frágil que
Facilmente
é apagado pelas ondas...

21 de Março - Dia Internacional contra Discriminação Racial



21/03 Dia Internacional Contra Discrimonação Racial - Shaperville não foi em Vão



UM DIA PARA LEMBRAR. UMA INFÂMIA PARA ESQUECER>

De um protesto legítimo nasceu o masssacre de Shaperville, dia que entrou para a história como um dos mais vergonhosos da humanidade

No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joannesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação especificando os locais por onde eles podiam circular. No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte: "Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública".

Segundo o ex-secretário geral da ONU, KofiAnnan, "desde os insultos nas escolas até as decisões de contratação ou demissão no local de trabalho, desde a cobertura seletiva dos crimes pelos meios de comunicação social ou a polícia, até as desigualdades na prestação de serviços públicos, o tratamento injusto de grupos étnicos ou raciais não só é comum nas nossas sociedades como é, frequentemente, aceito passivamente. É inegável que este tipo de racismo cotidiano subsiste. Mas é escandaloso que ninguém o conteste".

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD - registrou em seu relatório anual sobre a discriminação racial no país que, para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive para os brancos. "Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação".

"O tratamento injusto de grupos étnicos não é só comum como é aceito passivamente. É inegável que este tipo de racismo cotidiano subsiste. Mas é escandaloso que ninguém o conteste"


Fonte: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/130/artigo127852-1.asp

domingo, 21 de março de 2010

Pós Graduação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - UFJF


É com muita alegria e entusiasmo que venho partilhar com meus amigos a minha felicidade em ter iniciado mais um grande projeto em minha vida.

Fui selecionada para um dos cursos de Pós Graduação de mais respondabilidade social do momento na Universidade Federal de Juiz de Fora. A primeira turma da Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana: Educação para as Relações Étnicos-Raciais.

Conto com as orações de vocês para que tudo transcorra bem nessa minha nova jornada!

Beijos Carinhosos!!!!!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

DevaneioS (soneto)



Ai o amor
Esse estado inebriante do ser
Esse sentimento que invade com furor
Essa cor que anoitece o amanhecer

Ai o amor
Que me confunde e desnorteia
Que me congela em teu calor
Que me apaga e me incendeia

Queria viver sem amor
Pra experimentar a vida sem dor
Se mais racional alguém me abraçaria

Morte à esse tal amor
Que de tão incerto só traz dissabor
Que torna sempre real o que é utopia